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Crença; Opinião; Argumento; Falácias e o surgimento das Fake News


Diferenças entre crença, opinião, argumento e falácia.

“Os métodos científicos podem ajudar a desanuviar as sombras
metafísicas que se acumulam em torno do conhecimento. No
momento em que aprendemos a questionar as coisas e a nós mesmos,
a verdade talvez acabe por revelar uma não verdade à sua base,
prestando um testemunho inteiramente inesperado sobre si próprio.”
(cf. Oliveira & Amorim, citando Nietzche,F.)

 
E

m tempos de Fake News – notícias falsas que, ultimamente (2017-2018) têm proliferado fartamente, grandemente disseminadas nas redes sociais – saber a distinção entre 'crença', ‘opinião’ , ‘argumento falso’ e ‘argumento bem fundamentado’ pode ser muito importante, a dependendo contexto no qual se está inserido. Por exemplo, para que você possa decidir (com segurança) se vai encaminhar um tal post para grupos de amigos seus ou não vai, saber que você pode colocar em risco a reputação de alguém, podendo até ser responsabilizado judicialmente por eventuais danos que tal notícia possa causar é "muuuuitoooo" importante!
 
Segundo Walter Carnielli, professor de Lógica da UNICAMP, “um bom argumento é aquele em que há boas razões para que as premissas sejam verdadeiras, e, para além disso, as premissas apresentam boas razões para suportar ou apoiar a conclusão. Em outras palavras, as premissas que você apresenta devem ser precisas e verdadeiras, e devem produzir uma razão para se pensar que a conclusão é verdadeira.”

“Crenças não são argumentos, embora possam influir neles. Os mecanismos para formar opiniões podem não ser racionais.” (Carnielli, 2016)

Existe um princípio metodológico importante na argumentação chamado de ‘Princípio da Acomodação Racional’ ou simplesmente ‘Princípio da Caridade’ e que consiste em “tentar entender o ponto de vista do oponente em sua forma mais forte e persuasiva antes de submeter sua visão à nossa avaliação. Dessa forma, devemos primeiro fazer todos os esforços para esclarecer as premissas e a conclusão do oponente, inclusive ajudando-o a reparar os pontos fracos. Só então, após essa atitude respeitosa, é que devemos gentilmente apontar a ela ou a ele onde suas premissas são falhas ou duvidosas, e/ou porque tais premissas não apoiam a conclusão. Em outras palavras, o Princípio da Acomodação Racional impõe que interpretemos as afirmações dos outros de forma a maximizar a verdade ou racionalidade do adversário, tanto quanto isso seja possível. É a maneira mais respeitosa e produtiva de manter uma discussão honesta.” (Carnielli, 2016)

OPINIÃO
Todos têm o direito de opinar livremente e isto costuma ser chamado de ‘liberdade de expressão’ pelos jornalistas e também pelos juristas.
A liberdade de expressão está garantida pela Constituição Brasileira em seu artigo quinto, onde estão reunidos, em diferentes incisos, os pontos mais relevantes para a necessária compreensão do seu conteúdo. São, alguns deles o  inciso IV : “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” e o  inciso IX:  “é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença”.

Claro que todos têm o direito de manter sua opinião, mas opinião não é argumento. E, ao manifestar sua opinião, para que você não incorra em infração, você também terá que lembrar-se o que diz a mesma Constituição no seu inciso X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”  e no inciso XLI : “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.”

Para o Prof. Carnielli, nós, brasileiros, temos uma péssima educação argumentativa: “confundimos discussão com briga, e vemos as críticas como inveja, falta de amizade, falta de amor etc. Pior ainda: quando começa uma discussão, muitas vezes vem o seguinte: ‘tenho o direito de ter minha opinião’, seja sobre o criacionismo, o governo, a política ou a pena de morte (...) A democracia também é feita de opiniões - ninguém precisa argumentar para votar no candidato que preferir, basta manifestar sua opinião nas urnas. Mas quando o candidato quer nos convencer, ou quando queremos convencer os outros sobre nossa posição política, nossa crenças não bastam.

FALÁCIAS
Uma falácia é um mau argumento que não pode ser reparado.
No caso enfocado acima, além da já mencionada falácia estrutural – aquela que revela que a pessoa sequer sabe o que é um argumento – Carnielli aponta outras falácias mais comuns:

> Ad Hominem: quando se ataca a pessoa, não o argumento. Por exemplo: “o médico me recomendou parar de fumar. Mas ele fuma!”

> Falso dilema: quando se exageram os dois lados de uma questão, não deixando lugar para nuances ou meio-termo. Por exemplo: “você é a favor do aborto? Então você apoia o assassinato de crianças”.

> Post hoc ergo propter hoc: ou seja, “depois disso, portanto por causa disso”. Por exemplo: “Hitler era vegetariano, e veja no que deu'”.

> Inverter o ônus da prova: Por exemplo: "claro que OVNIs existem. Prove o contrário'.

> Falsa analogia: por exemplo, tentar comparar casamento homossexual com legalização da pedofilia.
(cf.Nexus, 2016)


Para referir
: MAXIMINO, MR . Crença; Opinião; Argumento; Falácias e o surgimento das Fake News. disponível em www.marcosmaximino.psc.br/marcosmaximino/acesso em dd/mm/aaaa.

Publicado em
30/09/2018 ; atualizado em 30/09/2018.
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