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"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
(Madre Tereza de Calcutá)


Água: um Bem Cada Vez Mais Ameaçado

Por Alexandra Di Chiacchio

Um bem cada vez mais ameaçado
A ÁGUA é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam a Terra. É impossível imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem ela. A ameaça de falta de água permanente, em níveis que possam inviabilizar até a simples existência, pode parecer um exagero, mas não é.
Mesmo países que possuem recursos hídricos abundantes, como o Brasil, não estão livres da ameaça de uma crise. A disponibilidade varia grandemente de uma região para outra, e nossas reservas de água potável estão diminuindo. Entre as principais causas estão o crescente aumento do consumo e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas por esgotos domésticos e resíduos tóxicos da indústria e da agricultura.

Neste texto, tentaremos mostrar por que é tão importante e inadiável conservar os recursos hídricos do planeta e quais as ações necessárias para garantir o seu consumo sustentável, ou seja, a utilização que não coloca em risco nossa sobrevivência nem a das gerações futuras.

O Ciclo da água A água dos oceanos, rios, lagos, da camada superficial dos solos e das plantas evaporam-se por ação dos raios solares. O vapor formado vai constituir as nuvens, que, em condições adequadas, condensam-se e precipitando em forma de chuva, neve ou granizo.
Quando as precipitações caem no solo, uma parte da água escorre pela superfície, alimentando os rios, lagos e oceanos; outra se infiltra no solo, alimentando as águas subterrâneas e uma última parte volta a formar nuvens, regressando à atmosfera com a evaporação.

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Capacidade limitada de depuração
Durante o seu percurso na natureza, a água vai se misturando aos restos de folhas, resíduos, poeiras, minerais e outros elementos. Uma forma de limpeza natural da água ocorre quando ela se infiltra no solo através de pequenos espaços entre as rochas, que funcionam como filtro. Mas esse sistema de limpeza é lento. A quantidade de água que evapora a cada dia não é suficiente para repor a que consumimos. Estamos também poluindo constantemente a água com elementos químicos difíceis de serem eliminados. Assim, nossas reservas de água subterrânea têm sua quantidade sistematicamente ameaçada.

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Mares: Não pode ser bebida nem usada para cozinhar. Também não serve par uso industrial nem para navegação.
Calotas Polares: é onde está a maior parte da água doce do planeta, mas está inacessível para fins de consumo.
Subsolo: é possível construir poços para consumirmos essas águas, mas a um custo muito alto.
Rios, lagos: representa menos de 1% do total de água doce do planeta. É a água que utilizamos e que mantém a vida dos seres humanos, plantas e animais.


Água no Brasil: distribuição e consumo
O Brasil possui 13,7% da água doce do mundo, o que o torna privilegiado se comparado a muitos outros países. Porém, a disponibilidade desse volume de água é desigual.
Não só a disponibilidade de água é desigual, mas a oferta de água encanada reflete os contrastes no desenvolvimento dos Estados brasileiros. Enquanto na região Sudeste 87,5% dos domicílios são atendidos por rede de distribuição de água, no Nordeste a porcentagem é de apenas 58,7%.
O Brasil registra também um elevado desperdício de água: entre 20% e 60% da água tratada para consumo se perde na distribuição, dependendo das condições de conservação das redes de abastecimento.


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O uso doméstico da água
O tratamento da água para torná-la potável é fundamental para a saúde pública, mas representa custos tanto para as empresas como para os consumidores.
Um grave problema para a qualidade de vida da população é o despejo de esgoto domiciliar e efluentes de indústrias responsáveis pela fabricação de pesticidas e fertilizantes, altamente tóxicos, sem nenhum tratamento, em rios e represas que abastecem nossas cidades e irrigam as plantações.
Quanto mais poluída estiver a água, maior quantidade de produtos químicos será necessária para tornar a água potável para consumo, assim como maior será a chance de contaminação dos produtos agrícolas, podendo provocar doenças como diarréia, febre amarela, hepatite, amebíase, entre outras.

Casa limpa, Rios contaminados
Na hora de limpar a casa, muitas vezes exageramos no consumo de produtos de limpeza. Às vezes nos esquecemos de que muitos produtos anunciados nas propagandas pelas facilidades na remoção da sujeita são altamente prejudiciais ao meio ambiente:
  • Detergente: costuma conter fosfatos, substâncias que provocam uma superprodução de material orgânico em mares e rios, o que pode causar a asfixia de peixes.
  • Cloro: é uma substância química que precisa ser usada com moderação, pois contribui para a criação de dioxinas, que são muito nocivas ao meio ambiente.
  • Desodorante ambiental para o banheiro: geralmente contém para-dioclorobenzeno, uma substância química que provoca câncer e problemas de fígado.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a falta de água potável e de saneamento básico no Brasil é causa de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares, implicando gastos 2,5 bilhões de dólares. Estima-se que para cada R$ 1,00 investido em saneamento, haveria uma economia de R$ 5,00 em serviços de saúde.

Educação Ambiental começa em casa!
Um consumo sustentável de água, que não coloque em perigo a sobrevivência das presentes e futuras gerações, significa consumir a água de um modo mais eficaz.

Veja abaixo o consumo doméstico de água em algumas atividades diárias:
1 descarga no WC
10 a 16 litros
1 minuto de chuveiro
15 litros
1 tanque com água
50 litros
1 lavagem de mãos
3 a 5 litros
1 lavagem com máquina de lavar
150 litros
1 lavagem com lava louça
20 a 25 litros
Escovar os dentes com água correndo
11 litros
Lavagem do automóvel com mangueira
100 litros
 

Algumas modificações simples nos hábitos do nosso dia-a-dia podem fazer a diferença. Economizar água ou usar produtos biodegradáveis são algumas soluções para evitar quem a água que consumimos torne-se cada vez mais escassa.

Algumas dicas do que pode ser feito em casa:

  • Usar sempre produtos de limpeza biodegradáveis.
  • Diminuir o tempo de uso do chuveiro, tomando banhos mais curtos e mantendo o mesmo desligado ao ensaboar.
  • Caso seja viável, instale redutores de vazão em torneiras e chuveiro.
  • Instale torneiras com aerador ("peneirinhas" ou "telinhas" na saída da água). Ele dá a sensação de maior vazão mas, na verdade, faz exatamente o contrário.
  • Reutilizar a água. Um reservatório para água da máquina de lavar roupa pode conservar uma água própria para a limpeza de carros ou mesmo do quintal e calçada.
  • Aproveite sempre que possível a água da chuva. Você pode armazená-la em recipientes colocados na saída das calhas e depois usá-la para regar as plantas.
  • Sempre manter a torneira da pia fechada aos escovar os dentes.
  • O mesmo vale para lavar a louça, feche a torneira enquanto a ensaboa.
  • Procure se informar! Existem alguns produtos que cotem cloro que podem ser substituídos por outros.
  • Existem sites do Ministério do Meio ambiente que auxiliam nessas dúvidas: www.mma.gov.br Minimizar a poluição das águas: também depende de você

Minimizar a poluição das águas: também depende de você
Devemos exigir que o município faça o tratamento adequado dos resíduos tóxicos. Uma saída é propor uma estação de recebimento de produtos tóxicos domiciliares (restos de tinta, solventes, petróleo, entre outros).
Organizar-se! Os consumidores organizados podem pressionar as empresas para que produzam detergentes e produtos de limpeza que não poluam o meio ambiente. Também devem exigir que as indústrias se encarreguem de seus resíduos tóxicos ou que entreguem as empresas especializadas nesse tipo de manejo.
Também podemos exigir das autoridades que o esgoto seja tratado em estações de tratamento e não jogados diretamente nos rios e mares.
Podemos recorrer ao SAC (Serviço de Atendimento ao consumidor) das empresas que produzem os produtos químicos ou tóxicos utilizados nas residências, escolas, escritórios e hospitais, para saber se elas publicam Balanços Ambientais, que deve conter informações sobre tratamento de efluentes e de emissões atmosféricas, entre outras.

O que o governo do Brasil faz?
Os problemas que afetam o meio ambiente e, em especial, os recursos hídricos, têm sido objetivo de várias ações do governo federal e da sociedade, por meio de iniciativas voltadas à preservação e conservação desses recursos. O Brasil já dispunha do "Código das Águas" em 1934, porém, esse código não foi capaz de incorporar meios para combater a contaminação das águas e os conflitos de uso. Tampouco foi capaz de promover os meios de uma gestão descentralizada e participativa, exigências dos dias atuais.
Na nossa legislação atual existe a "Lei das Águas" (Lei no 9433/97), que apresenta a Política Nacional de Recursos Hídricos (Singreh). Um dos seus princípios, o da gestão participativa e descentralizada, requer a adesão da sociedade na sua implementação, por isso o Singreh é estruturado em colegiados.
Em 1995, o Ministério do Meio Ambiente criou a Secretaria de Recursos Hídricos, que tem por missão, além de ser a Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, formular a Política Nacional de Recursos Hídricos e coordenar o Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Mais recentemente, foi aprovada no Conselho Nacional da Agência Nacional de Águas (ANA) (Lei Federal no 9.984/17/07/2000), entidade encarregada de implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos. A ANA tem ainda o papel de estimular e prestar assistência técnica e organizacional na criação e consolidação dos Comitês de Bacia hidrográfica e seus braços executivos, as agências de água ou de bacias, e na organização e atuação dos órgãos e entidades estaduais gestores

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Publicado em 2007.



Para referir: Maximino, M.R. in internet, disponível em www.marcosmaximino.psc.br

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