Um novo estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (UM SOM) descobriu ligações intrigantes entre sono, cognição e um composto chamado quinurenina. Essas ligações podem lançar luz sobre o mecanismo que causa problemas cognitivos entre os portadores da doença e apontar o caminho para novos tratamentos para reduzir alguns dos sintomas da doença.
Os resultados foram publicados hoje na revista Sleep. O estudo é o primeiro a esclarecer em detalhes as ligações entre a quinurenina, seu metabolito ácido quinurênico, sono e cognição.

"Ninguém examinou atentamente a relação entre o sono e o caminho da quinurenina antes", disse Ana Pocivavsek, pesquisadora do Centro de Pesquisa Psiquiátrica UM SOM Maryland (MPRC) e professora assistente do Departamento de Psiquiatria. "Esta pesquisa estabelece uma ligação clara entre elevações na quinurenina e problemas de sono"

Nos últimos anos, os cientistas identificaram o ácido quinurênico como um participante potencial na esquizofrenia.

Ácido Quinurênico

O ácido quinurênico é um metabólito neuroativo da quinurenina, formado no cérebro.
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Pessoas com esquizofrenia têm níveis mais altos do que o normal de ácido quinurênico no cérebro. Os cientistas teorizaram que esses níveis elevados podem estar conectados a uma série de sintomas observados na doença, incluindo problemas de aprendizado e memória.
Os mecanismos subjacentes às deficiências cognitivas em pacientes, no entanto, permaneceram incertos.

A Dra. Pocivavsek e seus colegas suspeitavam que uma interação entre ácido quinurênico elevado e sono pudesse desempenhar um papel. Existem muitas evidências em humanos e animais de que a disfunção do sono leva a problemas de aprendizado e memória. Além disso, pesquisadores e clínicos observaram há muito tempo que as pessoas com esquizofrenia também costumam ter problemas com o sono
Para esses experimentos, ela e seus colegas estudaram ratos. Eles fizeram comparações no comportamento de ratos com aumento do ácido quinurênico em seus cérebros com animais com níveis normais do composto. Eles conectaram os cérebros dos animais a um dispositivo que mediu a quantidade e a qualidade do sono e descobriram que os animais com níveis mais altos de ácido quinurênico tinham um movimento ocular significativamente menos rápido, ou REM. Essa é a fase do sono em que os sonhos ocorrem e acredita-se que seja fundamental para a consolidação do aprendizado anterior.

Os pesquisadores descobriram que o grupo com alto teor de ácido quinurênico também teve problemas com o aprendizado. Para testar isso, eles colocam ratos em uma caixa e iluminam a caixa. De um lado da caixa, há uma abertura para uma área mais escura. Os ratos são animais noturnos e preferem o escuro, de modo que os animais costumam correr para a área escura. Uma vez nesta área, eles recebem um pequeno choque elétrico.
Quando o experimento é repetido no dia seguinte, os animais normais não correm para a área mais escura, lembrando o choque do dia anterior. Em comparação, animais com níveis elevados de ácido quinurênico alto e, portanto, sono prejudicado, não se lembram do choque do dia anterior e correm para a área escura. Em outras palavras, eles não aprenderam com a experiência do dia anterior.

"O que estamos começando a pensar é que o ácido quinurênico interrompe o sono, o que prejudica a cognição", disse ela. No entanto, existem outras possibilidades, diz ela: pode ser que as interrupções no sono causem aumento do ácido quinurênico, o que leva a problemas cognitivos. "Não está claro o que acontece primeiro", diz ela. "Essa é uma pergunta realmente interessante e que estamos investigando".

Dra. Pocivavsek e outros pesquisadores teorizam que a redução do ácido quinurênico pode reduzir os problemas com o sono e a cognição em pacientes com esquizofrenia. "Certamente acreditamos que altos níveis de ácido quinurênico são um aspecto crucial da esquizofrenia", diz ela.

A pesquisa fornece mais razões para desenvolver medicamentos que reduzem os níveis de ácido quinurênico no cérebro. Uma possibilidade chave é inibir uma enzima chamada quinurenina aminotransferase II, ou KAT II, que converte a quinurenina em ácido quinurênico. Usando compostos que inibem essa enzima, os pesquisadores conseguiram reduzir a quantidade de ácido quinurênico no cérebro. Ao longo dos anos, várias empresas farmacêuticas trabalharam para desenvolver inibidores do KAT II que podem atingir o cérebro e seriam seguros e eficazes em humanos. A pesquisa do Dra. Pocivavsek fornece evidências de que essa abordagem tem potencial clínico.

"Este estudo aumenta a evidência de que altos níveis de ácido quinurênico contribuem para a disfunção cognitiva", diz ela. "Se pudermos encontrar maneiras de reduzir esses níveis, poderemos reduzir esses sintomas para os pacientes"."