"Um Romeu e uma Julieta são capazes de tudo para viverem o seu amor. Desconsideram os perigos, os riscos de vida e de gravidez, os relacionamentos com outras pessoas, mormente os próprios pais. Parece que tudo vai acontecer maravilhosamente e que a vida pode ser vivida mesmo numa cabana, se houver muito amor...
... e a dura realidade mostra seu lado duro e cruel."
(Içami Tiba)
“Mães adolescentes tem qualidade de vida prejudicada."
Estudo da UNIFESP identifica que interrupção dos estudos e falta de oportunidades de trabalho são as perdas que mais afetam as jovens mães As perdas de maior impacto na vida de meninas adolescentes que ser tornam mães são a evasão escolar e a baixa inserção no mercado de trabalho. É o que aponta uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que teve como base o questionário de qualidade de vida modelo “WHOQOL abreviado”, da OMS (Organização Mundial de Saúde). O estudo mostra que é no domínio social que as mães adolescentes têm menos qualidade de vida, comparando-se com adolescentes não mães.
Por seis meses, entre novembro de 2008 e abril de 2009, foram acompanhadas 116 adolescentes, mães e não mães através das quais investigou-se aspectos da qualidade de vida, isto é, foram feitas pergunta relativa aos domínios físico (dor e desconforto, sono, atividades físicas, dependência por medicamentos, capacidade para o trabalho); psicológico (auto-estima, sentimentos positivos e negativos, imagem corporal e espiritualidade); social (relações pessoais, suporte e apoio social, trabalho, atividade sexual - desejo e satisfação) e ambiental (lar, recursos financeiros, ambiente físico, recreação e lazer). A média de idade das 40 adolescentes mães pesquisadas é de 17 anos.
Abandono dos Estudos
Apenas 30% delas freqüentam a escola. (Entre as 76 adolescentes não mães, a porcentagem das que estudam sobe para 76%.)
Foi identificado que 57,5% interromperam os estudos devido à gravidez e destas, apenas 27,5% retornaram após a maternidade.
“Ao deixar a escola, a adolescente se isola da sociedade. O encargo reprodutivo da jovem, especialmente de baixo nível sócio-econômico, a direciona para a responsabilidade da criação do filho, das obrigações domésticas e do papel de esposa ou companheira. Ao afastar-se do meio social ela se esquiva do mercado de trabalho e consequentemente se perpetua na dependência financeira”, analisa Ana Claudia de Souza Campos, que é a responsável por esta pesquisa.
Trabalho
Em relação ao mercado de trabalho, 75% das mães não trabalham, sendo que destas, 33% não haviam conseguido emprego e 37% afirmaram que têm como ocupação principal cuidar dos filhos e por isso não trabalham. Entre as que não são mães, 63,2% não trabalham, mas a razão para 45% delas é ter o estudo como dedicação principal.
Prejuízo nos Relacionamentos Sociais
A partir deste estudo é possível identificar que foi no domínio social onde ocorre o maior prejuízo do da qualidade das vidas das adolescentes mães: em uma escala que varia de 0 a 100 pontos, essas jovens mães marcam o índice médio de 66,8. (As jovens que não tem filhos registram uma média de 75,6.) Para os pesquisadores, o resultado foi uma surpresa, uma vez que esperava-se o maior impacto sobre a vida das jovens mães ocorresse em outros domínios.
Para a orientadora da pesquisa, esses dados são preocupantes especialmente porque, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 2006 pelo Ministério da Saúde, a fecundidade entre 15 e 19 anos é de 23% da fecundidade total da população brasileira. “Essa é a única taxa de fecundidade que continua crescendo no País”, afirma a professora doutora.
Publicado em abril/2010 Atualizado em abril/2010 Fonte: UNIFESP