• “O termo [felicidade] é vago, indefinido. Não há métrica concebível: do ponto de vista lógico; as alternativas são claras; a felicidade pode estar crescendo, regredindo, oscilando sem tendência definida ou estável ao longo do tempo. Não há métrica concebível que nos permita estabelecer a existência de avanço, retrocesso, o que for.” (Giannetti, 2002)
• “É comumente usada para designar algo intrincado e ambíguo, uma daquelas idéias que a humanidade intencionalmente deixou imprecisa e vaga para que cada indivíduo possa interpretá-la a seu modo.” (Bergson, in Mattieu, 2007)
• “É o produto entre a presença de sentimentos positivos e a ausência de sentimentos negativos.” (Bradburn, in Campbel, 1976)
• “É uma experiência afetiva.” (Fleck, 2008)
• É “o grau em que uma pessoa avalia positivamente a qualidade geral da sua vida presente, considerada em seu todo.” (Mattieu, 2007)
As afirmações acima, foram transcritas de textos de alguns dos mais conceituados estudiosos do tema. Trata-se de um temo difícil de definir à luz da Ciência, mas muito claro e fácil de identificar quando se trata de definir para nós mesmos o que é felicidade: ao ler a palavra felicidade sabemos exatamente do que se trata para nós.
Felicidade, satisfação e Psicologia Positiva estão intimamente ligados.
A Psicologia Positiva é uma abordagem que começou a ser criada por Martin Seligman e Rick Snyder , por volta de 2000 e foi publicada na forma de livro em 2004.
PSICOLOGIA, SÉCULO XX
Durante a segunda metade do séc. XX a Psicologia focalizou um único tópico: a doença mental.
Isto proporcionou um grande desenvolvimento da Psicoterapia, mas (alto) preço dessa focalização única foi uma preocupação tamanha c/ “o alívio dos transtornos que tornam a vida miserável” que a dedicação às “situações que fazem viver valer a pena” diminuiu.
Na década de 1960, Jacob Levi Moreno, considerado pai da Socionomia, iniciou um movimento de resgate da alegria e do otimismo na psicoterapia, criando o Psicodrama. Esta abordagem psicoterapêutica pretendia tratar as pessoas resgatando a alegria – chamada sentelha divina – e a espontaneidade inerente à condição humana através da estimulação da criatividade no “aqui-e-agora”. Ser saudável seria saber transformar trajetórias de vida potencialmente trágicas – que independeriam da vontade do protagonista dessa vida – em dramas ou em comédias ou seja, em atos de vida que estão sob a regência daquele que vive. Esta abordagem, mais adiante, foi encampada pelas Terapias Cognitivo-comportamentais e pelo Life-coaching como técnicas terapêuticas por que, pecava pela falta de fundamentação científica consistente, enquanto as TCCs estavam sendo cientificamente comprovadas. A semente, porém, permaneceu.
PSICOLOGIA, SÉCULO XXI
Nas últimas décadas, começou a ressurgir a tendência para o desenvolvimento da pesquisa dos aspectos positivos da experiência humana. Evidências científicas recentes apontam para a possibilidade de mudanças capazes de manter sustentáveis os níveis de felicidade: cai o mito da “cota fixa” de felicidade. Isto faz cair por terra aquilo que costumamos chamar de dogma imprestável, isto é, a crença de que a felicidade (ou, em sentido amplo, qualquer motivação humana positiva) não é autêntica.
O foco exclusivo na doença, que sempre dominou a pesquisa na área da saúde, vem cedendo espaço ao estudo das características adaptativas, como resiliência, esperança, sabedoria, criatividade, coragem e espiritualidade. A pesquisa em qualidade de vida está em sintonia com o interesse em estudar variáveis positivas da vida humana.
Assim, a Psicologia Positiva emerge se erguendo em três pilares:
1. Estudo da emoção positiva;
2. Estudo dos traços positivos, principalmente forças e virtudes, mas também ‘habilidades’ tais como as inteligências e a capacidade atlética;
3. Estudo das instituições positivas.
Todos eles baseados no fato de que as experiências que induzem emoções positivas fazem emoções negativas se dissiparem rapidamente e de que as forças e as virtudes dos seres humanos funcionam como uma espécie de um pára-choque contra a infelicidade e as disfunções psicológica.
.Não é função da Psicologia Positiva dizer a você que seja otimista, espiritual bondoso ou bem-humorado; sua função é descrever as conseqüências dessas características. Por exemplo: dizer que ser otimista gera menos depressão, melhora a saúde física e proporciona maiores realizações pessoais, a um custo – talvez – de menos realismo. O que você vai fazer com estas informações depende dos seus valores e objetivos.
Baseada em pesquisas científicas colhe dados e tira conclusões tais como: quando ocorre, a uma pessoa adulta, problemas como depressão, ansiedade, mau casamento, uso de droga – lícitas ou ilícitas - problemas sexuais, desemprego, agressividade contra os filhos, alcoolismo ou raiva, não há razão para culpar os acontecimentos da infância como determinantes desses infortúnios (cf. Selligman, 2004 e Mattieu, 2007), mas sim para se perguntar: “- O que estou fazendo com a minha vida neste momento?” ´´- Estou encaminhando minha vida de uma forma gratificante?” ou ainda “- Estou construindo minha vida de acordo com as crenças e valores nos quais acredito?”.
Além disso, segundo observações empíricas colhidas na práxis diária da nossa clínica psicológica que foram, mais tarde, comprovadas por recentes pesquisas desenvolvidas em sujeitos animais e / ou humanos, “grandes traumas de infância podem (ou não) ter alguma influência na formação da personalidade do ser humano adulto, mas isso é muito difícil de identificar.
Em resumo: eventos negativos na infância não levam necessariamente a problemas na idade adulta, e mais: atualmente, o foco da Psicologia e da psicoterapia deixa de ser a doença, passando para a saúde e o desenvolvimento das virtudes gera a sinergia para atingi-la.
Está colocado o desafio: quais as melhores estratégias; quais as ações mais adequadas e eficientes para atingir minha(s) meta(s)? Note bem: sem perder de vista a satisfação com sua vida diária.
Boa sorte!