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Ubersexual
Por Tom Valeo, da Web MD. Tradução: Marcos R. Maximino em junho de 2007. Os autores que popularizaram a expressão “metrosexual” dizem que um novo tipo de masculinidade está vingando. A Sociedade da Língua Americana classificou “metrosexual” como a palavra do ano de 2003, após a consultora de marketing Marian Salzman popularizá-la. Agora, “ubersexual” está substituindo "metrosexual”, escreveu no livro O Futuro dos Homens (The Future of Men), numa co-autoria com Ira Natathia e Ann O’Reilly. Qual a diferença entre estes dois tipos de homens? Em um estudo escrito em 2003, os três formadores de opinião escreverem que "um dos mais intrigantes sinais dos metrosexuais é sua prontidão para satisfazer a si mesmos, “atacar” sobre um terno Prada ou gastar algumas horas no SPA fazendo massagem ou [máscara] facial." Em contraposição, eles afirmam que o ubersexual está menos preocupado com a moda e mais inclinado a desenvolver um estilo próprio. "Comparado com o metrosexual, o ubersexual está mais para os relacionamentos que para o self.” Dizem eles. “ Eles produzem-se mais que os outros (preferindo um estilo pessoal consistente acima dos caprichos da moda)." Exemplos de Umbersexuais Tomando o ator George Clooney como exemplo, eles dizem que “ os melhores amigos dos ubersexuais são homens; ele não considera a mulher uma “buddie” (camarada) na sua vida.” E que o ubersexual é mais preocupado com princípios e valores. Bono, da banda de rock U2, representa isto, dizem eles, a propósito das campanhas de redução de pobreza na África. Resumindo, o ubersexual tem o que os autores chamam “M-ness”, um tipo de masculinidade que combina o melhor da masculinidade (vigor, honra, caráter) com características tradicionalmente associadas com feminilidade (cuidado, comunicabilidade, cooperação).” Não obstante O Futuro dos Homens estar baseado em 2.000 entrevistas com homens de diversas nacionalidades, Salzman é a primeira a admitir que não se trata de uma análise sociológica. “Eu sou uma executiva de marketing”, disse ela a WebMD. “A tarefa de compreender homens é subjugada pela perspectiva de como podemos fazer um trabalho de marketing para eles. Eu não tenho desculpas para esta motivação.” Masculinidade em Curso (Masculinidade em Mudança) Mas, para alegar que o ubersexual já está sucedendo o metrosexual, os autores do O Futuro dos Homens sublinham um fato inquestionável na vida Norte-americana – o conceito de masculinidade está em mudança, deixando muito confuso o significado de “ser homem”. “Era nítido que homens estavam questionando a feminilização dos homens”, disse Saltzman, explicando as origens de O Futuro dos Homens. “ Nós escrevemos o livro enfocando a questão ‘qual é o subproduto de 40 anos de aumento dos direitos da mulher’? “A instabilidade do papel masculino tem sido uma reação ao surgimento de direitos iguais das mulheres.” Esta não é a primeira vez na história Norte-americana que as noções de masculinidade foram modificadas. “Parece que toda vez que os Estados Unidos entram numa crise, há uma preocupação acerca da masculinidade” disse Sonia Michael, professora da História da Universidade de Maryland, autora, com Robyn Muncy, de Gerando América: Um Documentário Histórico, 1865 ao Presente (Engendered América: A Documentary History, 1865 to the Present). “Por exemplo, durante a industrialização, artesãos especializados perderam seus empregos e os homens começaram a sentir que estavam perdendo o controle. Durante a Segunda Guerra Mundial, novamente, quando começou a ficar claro que os Estados Unidos estavam indo à guerra, as pessoas estavam se perguntando se os homens americanos estavam à altura da tarefa.” E. Anthony Rotundo, professor da Academia de Philips Andover (Phillips Academy Andover), fez uma observação semelhante no [livro] Idade Maturidade dos Americanos: Transformações na Masculinidade a partir da Revolução da Era Moderna (American Manhood: Transformations in Masculinity from the Revolution to the Modern Era). Ele destaca a incerteza econômica como a causa da atual confusão a respeito da masculinidade. A grande maioria dos homens Norte-americanos não consegue arcar com toda a despesa doméstica nos seus rendimentos, disse ele a WebMD. “Famílias com algumas crianças necessitam de duas rendas e absorvem a questão de que é o homem o [único] provedor [da família].” Em contraposição, os autores de O Futuro dos Homens dizem que o movimento feminista tem colocado o grande desafio para as noções de masculinidade tradicionais. “ O movimento das mulheres tem, pelo menos, discutido quão grande um impacto das mulheres é nos homens” escreveram elas. Do "Rapaz Bonzinho" ao “Homem Integral” Robert Glover, PhD, um psicólogo terapeuta de casais, acredita que muitos homens tem respondido ao feminismo repudiando aspectos masculinos – tais como força, assertividade e independência – porquê eles temem o poder feminino achando tais tratos ofensivos. Em um esforço para favorecer as mulheres eles se transformaram em “rapazes bonzinhos” com respostas sensíveis e emocionais. “Eles perguntam constantemente para si mesmos ‘como posso ter certeza que uma mulher está feliz e não está ficando aborrecida comigo? ’” diz Glover, autor de Sr. Rapaz Bonzinho Nunca Mais. (No more Mr. Nice Guy). A “síndrome do bom-rapaz” , como ele a chama, provoca no homem um esconder de sua natureza masculina. “E isto, de acordo com Glover, repele as mulheres.” “Os homens acreditam estar fazendo tudo certo em termos de fazer a mulher feliz, mas a reclamação dela é ‘Eu não posso confiar nele’”, diz Glover. “Homens assim não estão demonstrando suas próprias verdades porque eles querem não aborrecer as mulheres, mas as mulheres se afastam sentindo que seus homens não têm integridade e consistência. Elas dizem coisas tais como ‘eu não sei o que realmente ele está pensando.’ As mulheres ficam muito frustradas com os homens que ficam sempre procurando favorecê-las.” Glover tenta ajudar os homens tornando-os íntegros através do reconhecimento de suas próprias necessidades. E esta integridade masculina contém uma misteriosa semelhança para com o ubersexual. Honesto e Direto Glover disse: “A integridade masculina é honesta. Ele é claro e direto ao expressar suas necessidades e para fazer daquilo que necessita uma prioridade. Fazendo daquilo que necessita uma prioridade, o homem não necessita de uma mulher para completá-lo e fazê-lo feliz. Ele não é um vampiro de emoções.” Tudo isso ajuda integrar o desenvolvimento da passionalidade masculina, que é a legitimidade do ubersexual. “Somente quando você coloca suas prioridades em primeiro lugar você pode ter paixão,” disse Glover. Ironicamente, o ubersexual tem em si mesmo uma misteriosa semelhança do homem tradicional de décadas passadas – mais falador que Garry Cooper, entretanto, mais expressivo emocionalmente que Humphrey Bogart. É um homem reflexivo que se moveu até agora mais a frente de um ponto de retrocesso àqueles de tempos em que os homens eram claramente “machões”. Os autores de O Futuro dos Homens admitem: “ De diversas maneiras, [ubersexuais] marcam um retorno às características positivas do Homem Real de anos passados (forte, resoluto, franco) sem ter muitas dúvidas acerca de si mesmo e as inseguranças que contaminam tantos homens de hoje.” Escrevem eles: “ainda que eles nunca tivessem ouvido o termo, eles acreditam, pela sua própria natureza, nos seus próprios M-ness.”
Por Tom Valeo, da Web MD.
Artigo Original: men.webmd.com Acesso em 30/05/2007. Publicado em novembro de 2005; revisto em abril de 2007. Tradução: Marcos R. Maximino em junho de 2007. Contatos: conceitoacao@marcosmaximino.psc.br |
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