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"Em vez da monótona labuta (...) temos uma razão para estar vivos!
Podemos subtrair-nos à ignorância podemos encontrar-nos
como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres!
Podemos aprender a voar!"
(Richard Bach, 1970).


A Saúde e o Ar que Respiramos

Alexandra Di Chiacchio e Marcos R. Maximino


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a América Latina encontram-se algumas das metrópoles mais poluídas do mundo: Santiago do Chile, Cidade do México e São Paulo. O problema tem reflexos diretos sobre a saúde da população: alergias, irritação nos olhos, coceira na garganta, tosse, além de problemas mais graves, como doenças respiratórias e cardiovasculares.
Várias pesquisas científicas na área de saúde pública já demonstraram que a incidência de problemas respiratórios e cardiovasculares e até de mortes aumenta quando os índices de poluição chegam a patamares elevados.


Inversão térmica

Em São Paulo é comum ocorrer no inverno um fenômeno chamado inversão térmica, quando uma camada de ar quente se sobrepõe a camada de ar frio próxima ao solo (veja a ilustração abaixo), impedindo que o ar dissipe.

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O efeito é visível: a cidade fica encoberta por uma névoa, que é a poluição concentrada sobre a cidade. Nesses dias em que a poluição atinge os maiores picos, o perigo para a saúde é ainda maior.

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É notável o aumento de atendimentos de casos de problemas respiratórios em postos de saúde e hospitais, geralmente os mais afetados são os idosos e as crianças. Um levantamento feito pelo Departamento de Medicina da USP revelou que, nos dias mais poluídos, o número de internações por doenças respiratórias cresce cerca de 8%, e a mortalidade geral aumenta entre 4% e 6%.


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Transporte e poluição: um drama mundial

Os veículos automotores constituem a principal fonte de poluição do ar nas grandes regiões urbanas, seguidos pelas indústrias, centrais termoelétricas e de incineração de resíduos, mas o crescente aumento da frota de veículos movidos a gasolina e óleo diesel nas últimas décadas fez da poluição veicular o principal responsável pela má qualidade do ar que respiramos nas cidades.
Toda vez que ligamos o motor de um carro estamos lançando no ar uma enorme quantidade de substâncias tóxicas. Quando a gasolina é queimada no motor, origina a emissão de vários gases e partículas que se dispersam no ar, causando danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
As partículas em suspensão podem ainda se agregar a outras substâncias tóxicas, como metais pesados (chumbo, por exemplo). Com isso, existe o grande risco de ocorrer efeitos sinérgicos, isto é, que substâncias não muito perigosas em estado isolado tornem-se extremamente nocivas ao misturar-se com outras.
Em todo o mundo, as megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes enfrentam sérios problemas causados pela poluição veicular. Ao contrário do que se poderia supor, a poluição não é mais grave nos países mais desenvolvidos. Atualmente, grandes metrópoles como Paris, Tóquio, Londres e Nova York são bem menos poluídas que muitas cidades de países em desenvolvimento, como a Cidade do México, Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo.
No Brasil, os paulistanos são os que mais sofrem com a poluição. Só a frota de veículos movidos a óleo diesel despeja anualmente 12,4 mil toneladas de fumaça preta na atmosfera, segundo a Cetesb, órgão que responsável pela medição da poluição no Estado de S. Paulo. Os especialistas afirmam que os veículos motorizados são responsáveis por 90% do monóxido de carbono, cerca de 60 a 80% das partículas em suspensão e algo em torno de 80 a 90% de outros poluentes, com sérios riscos ao meio ambiente e à saúde da população.
Para os governos de todo o mundo, a poluição representa um grande ônus, pois é preciso manter mecanismos sofisticados de medição da qualidade do ar e estabelecer políticas de controle de poluição. Em muitos países essas medidas têm contribuído para dar um alívio à população.
Em nosso país foram adotadas várias medidas para reduzir os níveis de poluição veicular, por exemplo, a instituição do Programa Nacional de Controle de Poluição por Veículos Automotores (Proconve), que estabelece limites máximos de emissão de poluentes para veículos nacionais e importados, a utilização de catalisadores (trata os gases produzidos pela queima de combustível, tornando-os menos poluentes).
Segundo a Cetesb, desde a sua implantação, o Proconve já reduziu as emissões dos veículos novos em cerca de 90%. O programa também estabelece a vistoria periódica de todos os veículos em circulação para verificação dos níveis de emissões dos escapamentos. O Brasil também foi um dos primeiros países no mundo a produzir gasolina sem chumbo e a utilizar combustíveis alternativos, como o álcool, o óleo de dendê e o gasogênio (inclusive na navegação fluvial). Atualmente não se usa mais gasolina pura nos veículos rodoviários, e sim uma mistura de gasolina e álcool anidro, muito menos poluente. O chumbo ainda é usado na gasolina de avião por uma questão de segurança.
Com essas medidas, a qualidade do ar melhorou nos últimos 20 anos, mas isso ainda não é o suficiente para conter o efeito negativo de uma frota de veículos que não pára de crescer. Em muitas cidades, o número de automóveis é tão grande que eles passam a maior parte do tempo presos em longos congestionamentos, o que contribui para aumentar ainda mais as emissões.

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Imagem: Alexandra Di Ciacchio

O meio ambiente responde: chuva ácida, aquecimento global

Os contaminantes industriais e o tráfego de veículos automotores produzem dióxido sulfúrico, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos voláteis, que se misturam nas nuvens e reagem com a água e a luz solar para formar ácido sulfúrico e nítrico, sais de amônia e outros. Tais compostos caem sobre a terra em forma de partículas secas ou como chuva, neblina ou neve ácidas. A acidificação do solo diminui o ritmo de crescimento de vegetação, assim como sua resistência à seca, às geadas e aos parasitas. Afeta também a saúde das pessoas, corrói as construções e monumentos públicos e prejudica os rendimentos na agricultura.
Devido ao aumento da liberação de CO2 pela queima de combustíveis fósseis houve a intensificação do efeito estufa, o que aumento a temperatura do planeta lentamente nas últimas décadas. Durante os últimos 100 anos, a temperatura média global subiu entre 0,4 e 0,8oC. E as ações humanas devem continuar provocando esse aumento de temperatura, que pode ficar entre 1,4 a 5,8oC no próximo século. Estima-se que esse aquecimento possa provocar o aumento do nível do mar, na medida em que as geleiras e camadas de gelo polar da superfície derretam e que o volume das águas marítimas sofra uma expansão térmica com o aumento da temperatura média do planeta.
A elevação do nível do mar é preocupante. A previsão é de que, até 2100, aumente entre 9cm e 88cm. As ilhas e as cidades costeiras são as áreas maia vulneráveis, com possibilidade de inundações a médio e longo prazo. Para alguns países, isso poderá significar a perda de boa parte de suas terras cultiváveis.
A mudança climática deverá provocar ainda o aumento das chuvas em algumas partes e a diminuição em outras; podendo ocorrer grandes enchentes. Poderá haver um aumento da incidência de doenças tropicais, como malária e dengue, o que já ocorre em alguns locais da América do Sul. O aumento do nível dos mares contaminará lençóis freáticos com água salgada, atingindo o consumo humano.

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O que você pode fazer para mudar esse quadro?

Todos podemos contribuir com pequenas ações para ajudar na melhoria da qualidade do ar e para diminuir o efeito do aquecimento global. Algumas dicas são bem simples e podem ser adaptados ao cotidiano:

  • Evite usar o carro nos horários e locais de maior congestionamento.
  • Evite usar o automóvel para trajetos curtos – dê preferências ao transporte coletivo ou vá a pé ou de bicicleta.
  • Procure sempre que possível compartilhar o carro com outras pessoas.
  • Abasteça o carro somente à noite ou no início da manhã. Isso evita que os vapores emanados do tanque se transformem em ozônio pela ação dos raios do sol.
  • Previna-se contra incêndios. Não queime lixo nem solte balões.
  • Denuncie os veículos que emitem fumaça preta, ligando para o disque Meio Ambiente: 0800113560. Informe a placa do veículo e o município da placa.
  • Dê preferência aos transportes coletivos que não emitam gases tóxicos, como o trem e o metrô.
  • Exija junto ao poder público a implantação de medidas para o controle da poluição como construir ciclovias, conservar as áreas verdes, implantar sistemas de controle e fiscalização para reduzir as emissões de gases dos veículos e chaminés das indústrias, substituir o uso de combustíveis fósseis por outros de fontes renováveis, estimular e viabilizar o uso de meios de transporte menos poluentes, como o hidroviário, desenvolver novas tecnologias para geração de energia limpa.


Quando o uso do carro for inevitável, o motorista poderá dar a sua parcela de contribuição fazendo com que o seu carro polua menos:

  • Troque de marcha na rotação correta.
  • Evite reduções constantes de marcha, acelerações bruscas e freadas em excesso.
  • Evite paradas prolongadas com o motor funcionando.
  • Tente manter a velocidade constante, tirando o pé do acelerador quando o semáforo fecha ou quando o trânsito pára a sua frente.
  • Observe a vida útil dos componentes importantes no controle da poluição, como filtro de ar e óleo.
  • Faça manutenções e revisões recomendadas pelo fabricante, principalmente no que tange ao catalisador do escapamento.
  • Abasteça o veículo com combustível de boa qualidade.
  • Rode com os pneus bem calibrados.
  • Não sobrecarregue o veículo.
  • Desligue o ar-condicionado nas subidas muito íngremes.
  • Mantenha o sistema de arrefecimento do motor revisado e no nível adequado de funcionamento.



A bicicleta: alternativa saudável

Em muitos países a bicicleta é um importante meio de transporte, tanto de pessoas como de pequenas mercadorias. Na capital da Dinamarca, Copenhagem, vivem 1,3 milhão de pessoas. Um terço delas usa bicicleta para ir e voltar do trabalho.
Em São Paulo o uso de bicicletas está sendo incentivado. Elas já podem ser transportadas nos finais de semana dentro das linhas de metrô. A iniciativa pretende estimular o uso das bicicletas no dia a dia da população. Em algumas cidades já existem ciclovias e a população usa a bicicleta como meio de transporte.
Além de não poluir, a bicicleta é um exercício físico aeróbio com benefícios para os sistemas cardiovascular e para a musculatura.

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Post Scriptum

O que comumente chamamos de "ar" é uma mistura gasosa, composta principalmente de Oxigênio (O2)  Nitrogênio (N2) e Argônio (Ar) que estão  presentes na atmosfera da Terra.
Clique aqui para ver composição do ar que respiramos.
MRM

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Fontes:
CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de Educação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. 2002. 144p. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Secretaria de Qualidade Ambiental. Apresenta programas de sustentabilidade ambiental. Disponível em www.mma.gov.br. Acesso em 27/01/2007

METRÔ DE SÃO PAULO. Ciclista Cidadão. Mostra as regras para levar sua bicicleta dentro das linhas de metrô de São Paulo.
Clique aqui e veja as regras. Acesso em 25/02/2007.

MARIN-MORALES, Maria Aparecida. Efeitos Biológicos da Poluição Ambiental. Disciplina optativa, 10 de ago. a 10 de dez. de 2001. 15 f. Notas de Aula. Manuscrito.

Ilustrações e Imagens (free) disponíveis na internet.

Publicado em 05/02/2007. Atualizado em 31/10/2010.

 

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Para referir: Maximino, M.R. in internet, disponível em www.marcosmaximino.psc.br

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