Identidade, Autoconceito e Trabalho
"As idéias nada podem realizar. Para realizar as idéias são necessários homens que ponham a funcionar uma força prática”.(Karl Marx)
trabalho não é simplesmente uma forma de se conseguir o sustento, não é somente uma
forma lícita de "ganhar dinheiro". É uma importante dimensão para o ser humano,
através do qual ele consegue estabelecer, dentro do contexto social, uma determinada
função, que lhe permite dar sua contribuição ao seu grupo social e deste recebe,
como contrapartida, reconhecimento, valorização, status e até retribuição
financeira. Por isso, na maioria das vezes, o trabalho acaba por se tornar
uma espécie de sobrenome, um nome não-oficial: no "varejo" do dia-a-dia, comumente
dizemos o Dr. Fulano do Hospital das Clínicas; A Dra. Beltrana da Fundação
Tal-e-Qual; o "Seu" X do Sacolão a Dna. Y, Costureira.
Bons exemplos do que dissemos são o Luizão do Pacaembu, um funcionário do Estádio Paulo Machado de Carvalho há décadas, conhecidíssimo de jogadores do passado e do presente, personagem tipicamente paulistano que guarda em si grande parte da história do estádio; a Maria do Pastel, tão famosa que virou marca megistrada de uma franquia de pastelarias; o Bassi, personagem típico do Bexiga, que dividiu com os gaúchos o sinônimo de churrasco. Até mesmo a Luíza Rabello (de João Pessoa), "que foi para o Canadá" fazer intercâmbio e acabou se tornando, sem querer, garota-propaganda e celebridade instantânea*.
Dessa forma, além de cumprir sua finalidade última de criar condições - geralmente
materiais, pagas em dinheiro - para o atendimento das necessidades de sobrevivência
das pessoas, o trabalho é um importante "vetor" que irá compor a somatória de forças
cuja resultante é a identidade de uma pessoa. E, consequentemente, servirá de
ingrediente para a formação do auto-conceito, da boa (ou má) auto-estima, do
amor-próprio, da auto-realização.
Assim, através da breve reflexão acima, nota-se que o papel profissional precisa ser
tratado com atenção e zelo: à correta construção dele devemos nos empenhar desde seus
prenúncios: desde quando fazemos a primeira escolha profissional, o que
geralmente ocorre quando, adolescentes estamos por concluir o Ensino Médio;
passando pelas oportunidades e opções - conscientes ou não - que fazemos durante o
subseqüente período de estágios que começamos (ou não) a fazer já durante a
Graduação, continuando pelo cuidado como construímos nosso papel profissional
desde os primeiros passos de nossas carreiras; pela forma como nos prevenimos
(ou somos surpreendidos) por mudanças e terminando pela maneira como planejamos
(ou não) nossa aposentadoria e o que faremos depois dela.
Fazer uma escolha profissional consciente (ainda que durante esse processo possam
surgir incertezas e até alguns titubeios) é fundamental para qualquer profissional que queira construir uma carreira de sucesso. Para isso, a moderna Psicologia desenvolveu ferramentas de orientação profissional capazes de acolher a inevitável angústia existencial que ocorre nesta fase para orientar de forma clara uma pessoa que se vê diante das várias possibilidades de escolha.
Durante o desenvolvimento do papel profissional, muitas vezes uma pessoa se depara
com a necessidade de mudar de rumo: o processo de outplacement (transição
de carreira) pode se tornar um fato por iniciativa desta, na busca de
novas perspectivas ou alternativas para o desenvolvimento de sua carreira ou por
que esta pessoa foi demitida, e precisa se recolocar no mercado de trabalho.
"em ambos os casos, as variações emocionais representam uma ameaça ao equilíbrio
necessário durante o processo, principalmente quando o profissional é demitido da empresa na qual trabalha" 23.
Poder contar com o auxílio especializado, nesse momento, é sinônimo de criar
condições para que um profissional consiga estabelecer com clareza, afinidades e
afinação para com as empresas ou empreendimentos, criando potenciais que
poderão ser compartilhados; trocas de valores, de culturas diferentes, de desafios
e oportunidades, visando atender as necessidades mútuas.
Onde o profissional possa ser exigido na altura de suas habilidades e competências,
onde haja satisfação mútua na condução de suas atribuições e, em contrapartida,
a empresa tenha condições de colocá-lo em contato com pessoas, assuntos e desafios que
realmente o estimulem no dia-a-dia de forma que, assim fazendo, este profissional possa
atender aos seus anseios de crescimento para atingir suas expectativas de vida
e a empresa consiga obter dele os resultados por ela desejados.
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(*) A expressão "Menos Luíza que foi para o Canadá" tornou-se um trend topic na internet em dezembro e janeiro de 2011: uma enxurrada de citações, meme, circulou nas redes sociais, nos noticiários em shows ao vivo etc. O fenómeno teve início depois que, em um Comercial para TV, seu pai contou - a bem da verdade - que esta filha estava no Canadá.
Em 11/01/2012, o assunto ficou entre os 10 mais comentados do Twitter em todo o Brasil com a hashtag #LuizaEstanoCanada, e inúmeras paródias, citações, bordões e tudo o mais foram publicadas nas mídias sociais, na TV e no boca-a-boca quotidiano.
Ao voltar do Canadá a moça tornou-se celebridade instantaneamente; fechou contratos publicitários, foi DJ, participou de festas, eventos, e até mesmo da São Paulo Fashion Week.
Publicado em 20/08/2006. Atualizado em 26/01/2012.
Para referir:
Maximino, M.R. in internet, disponível em www.marcosmaximino.psc.br